Aumentar a integração com o Líbano é necessário, diz Jorge Kadri

Novo embaixador do Brasil no Líbano, Jorge Geraldo Kadri se diz satisfeito com a nomeação para comandar a embaixada brasileira no país de origem de seus pais. Em entrevista para o site da Fambras, ele entende que é perfeitamente possível fazer crescer intercâmbio de negócios, educacional e cultural entre as duas nações. “Quero ajudar a realizar o primeiro encontro entre empresários brasileiros e libaneses e preciso do apoio da comunidade no Brasil”

Fambras- Qual é a expectativa quanto a assumir esse cargo que é significativo para comunidade libanesa fora do país de origem?

Jorge Geraldo Kadri  JGK- É muito grande. Como filho de libaneses –meus pais são oriundos da cidade de Zahleh- tenho a ilusão muito grande de poder fazer um trabalho significativo a frente da embaixada do Brasil no Líbano, em benefício dos dois países.

Fambras – Foi um desejo pessoal ir  para o  Líbano?

JGK – Sim, eu tive a chance de ir para outros países, mas fiz uma articulação para assumir a embaixada no Líbano. Acho que naquele país terei condições de, não apenas pela minha experiência como diplomata, mas pela minha herança familiar, representar bem o Brasil no Líbano.

Fambras – Existem algumas demandas – do ponto de vista comercial – a serem solucionadas entre os dois países. O senhor acha que isso pode ser solucionado rapidamente?

JGK – Um aspecto importante para a solução dessas demandas é a assinatura de um acordo Mercosul-Líbano. Esse acordo deverá ser assinado nos próximos dias pelo ministro das relações exteriores do Líbano, Gebran Bassil, na Argentina. Esse acordo permitirá que uma série de produtos oriundos das nações do Mercosul e do Líbano possam ter suas tarifas reduzidas. Essa redução poderá fazer com que aquele país possa vender, por exemplo, produtos como azeite, frutas secas e outros produtos de maneira mais competitivas.

Fambras – Existe algum outro acordo próximo?

JGK – Próximos não. Mas há a ideia de se criar entendimentos para proteção e promoção de investimentos e a consequente da bitributação de vários itens na cesta de negócios. Quando assinados, eu tenho muita esperança e vou trabalhar para isso, fará com que o empresário libanês, possa investir de maneira segura no Brasil. Sei que muitos não o fazem porque veem em seus produtos sobretaxados e com isso perdem competitividade.

Fambras – Não seria de grande valia se essa ideia fosse envolvida no acordo de agora?

JGK – Esses acordos bilaterais podem muito ajudar o Líbano, pois a balança comercial ainda é muito favorável ao Brasil. Sabemos que é preciso mudar. O Líbano só exporta 10% dos seus bens para o Brasil outros 10% para os demais membros do Mercosul. O Líbano precisa muito de recursos. Está passado por uma fase particularmente complicada e o Brasil por ser um país privilegiado e por ter uma colônia imensa tem uma responsabilidade diferenciada. E garanto que o governo do Brasil quer ter um papel mais claro para ajudar a solucionar os seus problemas.

Fambras – O Líbano tem uma influencia cultural há mais de meio século sob vários aspectos no Brasil. Mesmo assim, as relações culturais são pequenas. Como incrementar essa parte importante para o Brasil?

JGK – As relações culturais são importantes por muitas razões. Entre elas está a preservação da identidade de um povo e seu país de origem. Entendo que é preciso haver uma via de mão dupla. Esse assunto está sendo examinada com cuidado pelo governo do Brasil. Uma das alternativas é a utilização da Lei Rouanet no Líbano. Ou seja, o empresário brasileiro poderá financiar suas atividades culturais no Líbano e se utilizar benefícios da lei a respeito da redução de impostos.

Fambras – Há mais alguma?

JGK A outra atitude seria um movimento na educacional. Mais precisamente a aproximação dos jovens brasileiros para conhecer o Líbano. Também poderá ser possível utilizar o programa Ciência sem fronteiras, jovens poderão estudar no Líbano através deste programa. O Líbano tem boas universidades, acho que é possível levar estudantes brasileiros para estudar no Líbano.

Fambras – O senhor assume o cargo em fevereiro. Existe uma programação já para o inicio de 2015?

JGK – Não. Antes eu preciso ter uma ideia clara do que fazer em todas as áreas. Também gostaria de conhecer o país in loco, bem como suas demandas. Mas vou trabalhar para fomentar o primeiro encontro do grupo empresarial Brasil/Líbano. Isso pode e vai acontecer em breve.

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